sexta-feira, 17 de agosto de 2012

1ª Leva - APA - Dia do Trabalhador

A primeira leva foi feita no dia 1º de Maio de 2012, por volta das 3 horas, em minha cozinha, que hoje é um verdadeiro laboratório. Alguns dias atrás, eu havia coletado água diretamente de uma fonte do Parque Estadual Alberto Löfgren, mais conhecido por Horto Florestal. Trata-se de uma água mineral pura. No total coletei 30 litros.


Água pura vinda da Mata Atlântica Paulistana.

A receita desta APA foi cedida por um grande Mestre Cervejeiro Rogério Sventkaukas, do qual devo a ele todo este aprendizado.

Problema no fogareiro.

Enquanto moíamos os grãos de malte, eu já havia colocado a água para ferver. Até ai estava tudo ok, mas de repente o fogareiro começou a dar problemas. Imediatamente eu o desativei. Infelizmente tive que continuar no fogão comum mesmo. A minha sorte é que a boca do meu fogão é grande e a temperatura começou a subir, porém bem lentamente. ( Lembre-se não use fogão doméstico, além de demorar muito, a cerveja não ficará muito boa.). Quando a temperatura subiu para 50º graus eu adicionei o malte moído. ( nesta hora adicione-o bem lentamente).

Brassagem

Como primeira leva que fiz sozinho, comecei a ficar um pouco tenso e inseguro. Na época usei termômetro de mercúrio ( também não recomendo, pois ele não dá uma precisão exata do grau da temperatura, use um termômetro digital, estes de medir temperatura de carne). Olhava para o relógio, mexia na panela, via todo aqueles grãos se misturando com a água, enfim, eu tomava todo o cuidado para o controle de temperatura.

Havia iniciado com 13 litros de água - Desculpem a foto, é que foi tirada de celular! :-)

Teste do iodo

Depois de umas longas horinhas, era o momento de fazer o teste do iodo. Coletei um pouco do suco de bagaço e coloquei sobre um pires branco. Algumas gotinhas de iodo e pronto! O meu mosto já estava no ponto certo para desativar as enzimas. Subi a temperatura e depois de uns bons minutos, eu desliguei o fogão por atingir a temperatura de desativação enzimática ( 78º )

Recirculação do Mosto

Agora sim! Fiz a recirculação do mosto. Com uma caneca de alumínio e uma escumadeira de inox, eu comecei o processo que me rendeu uns 20 minutos. ( a minha segurança e confiança começavam a amadurecer! ).

Filtragem e lavagem do bagaço

Minha filtragem foi a feita através de uma bazooka de inox. Teve um certo momento que ela entupiu. ( eu a tinha feita muito pequena, mas eu mexi naquele bagaço todo com a colher e voltou a circulação novamente. Após toda a filtragem, eu comecei a lavar o bagaço.

Fervura do Mosto

Barbaridade! Depois de todo um trabalho, chegou o momento de ferver o mosto. PUTZ!!!! Meu gás havia acabado! Imediatamente, peguei um outro butijão ( sempre deixe um butijão de reserva ) e depois de alguns minutos, eu começava o ritual....Adicionei nesta receita Lúpulo Northern Brewer e o Lúpulo Saaz, o de aroma. Depois de quase 1hora e meia, eu comecei a fazer o resfriamento do mosto.

Fermentação


A 1ª Leva foi menos de 20 litros

Chegou o momento final da primeira temporada! :-)
Transferi todo o mosto para um balde de fermentação. Abri o envelope de fermento e espalhei dentro do fermentador. Fechei bem o balde e coloquei o airlock.
Esperei uma semana para fermentação. O Airlock demoru a borbulhar. Havia ficado preocupado. Pensei até  jogar toda a leva fora e refazê-la. Mas para a minha surpresa, tudo estava de acordo com minha receita. O próximo passo foi a maturação.

Maturação.
Mais uma bobeira eu marquei. Havia esquecido de providenciar um outro balde para maturar. A minha sorte é que tinha 4 garrafões de água mineral de 5 litros. Não pensei duas vezes: eu os lavei bem, fiz uma forte higienização, e fiz um airlock caseiro com mangueirinha de bombinha de aquário e bebedouro de passarinho. ( Claro que tudo bem Higienizado ). Deixei 7 dias em temperatura ambiente e depois eu os coloquei na geladeira.
Apenas utilizei 3 galões destes para fazer a maturação
Engarrafamento:

Após os 10 dias de maturação, eu tirei o primeiro galão da geladeira, porém, quando fui observar, o airlock estava frouxo e havia entrado ar. Eu provei um pouco, e tinha um forte gosto amargo, logo cuspi. Deixei de lado, já começou um pouco a minha frustação. Ai peguei o segundo galão que estava tudo ok, quando fui provar, para a minha alegria, estava com gosto de cerveja, porém bem fraquinha. Ai comecei a engarrafar. Inseri nas garrafas açúcar mascavo para carbonatar. As tampinhas eu as coloquei em um pote com álcool 70% e deixei lá durante 20 minutos.
A primeira Leva teve este rótulo.
Degustação:

Após abrir a primeira garrafa, infelizmente ela lembrava uma Pale Ale, não tinha nada haver com uma APA. Não tirei nenhuma foto da ceva no copo, pois os meus amigos acabaram com o meu pequeno estoque...hehehe!
Uma lição importante que aprendi: manter muito a calma e NUNCA E JAMAIS pensar em cifras. O mais importante é fazer a cerveja com todo o cuidado e paz na alma! :-)

Nunca desista! Mesmo que venha o famoso desânimo e os pensamentos vazios do tipo: não vai dar certo, isto não vai dar futuro...vá em frente! Eu já havia planejado a minha segunda leva para o feriado do 9 de Julho: Uma Blond Ale ( que vamos falar desta 2ª experiência )

Salute!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Rótulo

       INSPIRAÇÃO DO RÓTULO       

Baseado nas velhas danças da Tarantela Napoletana e de outras tradicionais danças camponesas, que a nona dançava e nos alegrava, a idéia do rótulo da Birra Ballare será sempre associado a um tipo de dança. A alegria de dançar com alguém ou simplesmente sozinho. A alegria de beber sozinho ou simplesmente acompanhado. A dança e a cerveja tem algo em comum: a alegria!

Nossa cerveja é caseira e sem compromisso comercial. Porém ela tem identidade e uma filosofia. Se tu obervares bem, verás que em nosso rótulo há pernas de um casal de camponês dançando. A seguir o nome da nossa cerveja e na sequência o tipo da nossa cerveja. E na última linha, simplesmente escrito Cerveja Caseira. O intuíto não é a comercialização, mas um aprendizado, participar de missas com outros confrades ( a palavra missa, no meio cervejeiro, é um tipo de reunião, onde podemos oferecer a nossa cerveja aos colegas e fazer degustação, observar detalhes que vocês entenderão no decorrer de nosso blog.), quem sabe também participar de concursos entre festas ou simplesmente presentear uma garrafa aos amigos!

Minha primeira leva oficial foi uma APA - American Pale Ale - em um próximo tópico eu contarei os detalhes de minha produção. Como todo o início, dá várias coisas erradas! ( amigo ou amiga que quer produzir cerveja, eu aconselho antes de fazer a sua brassagem, conheçer bem o equipamento que estarás trabalhando e NUNCA pense em fazer a cerveja e já vender! Sinta o prazer de produzir a sua cerveja ). Até mesmo a escolha de um nome pode dar errado. Eu havia colocado Caxinguelê, um esquilo brasileiro como mascote, mas depois pensei e  um dia lembrei de minha velha nona, de minha vida em São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, das danças típicas do Maifest, Oktoberfest, Achiropita e mudei tudo. Ai nasceu o nome BALLARE. O rótulo da próxima leva será este abaixo:


O Padrão do rótulo será este. Com a produção de outros tipos de cervejas, mudarei o nome e a cor será sempre em referência a cerveja. Em breve meus amigos e amigas foto das garrafas com os rótulos da Birra Ballare


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

E vamo a ballar!

Birra Ballare! A Nona sempre cantava e dançava depois de uma deliciosa ceva! Nunca me esqueço o meu primeiro contato com o Chopps e a Cerveja. Eu era pequeno, devia de ter uns 7 anos de idade, quando pela primeira vez eu vi um barril, de madeira, de Chopp AntarcticaEra o meu aniversário. Obviamente o barril era para os adultos. Mas aquele ano, 1980, foi para mim, um verdadeiro contato de primeiro grau com o mundo cervejeiro. Havia visto o Barril, o blocão de gelo, as torneiras, a bomba e nunca esqueço do cheirinho da madeira com cerveja.

A Nona tomou e ficou alegre! Dançou...dançou...dançou...até cair. Isto me marcou muito! As pessoas ficavam muito alegres com várias doses deste líquido dourado e espumoso. Riam demais. E eu queria por que queria beber. Quando cheguei perto...me tomaram da mão um copo que estava na mesa. O Nono me deu apenas um pouco da espuma para eu tomar. Bem pouquinho....

Era o ano de 1983, eu havia visto numa revista um kit para fazer cerveja. Havia pedido para o meu pai comprar, pois queria ver o processo de fabricação da cerveja. Via as fotos da revista, uma propaganda muito legal, tinha dois tipos de maltes: o claro e o escuro, uma panela e um coador. Não me lembro bem deste kit, mas a vontade de fazer cerveja surgiu dai. Nunca me compraram o tal kit, até para o professora da escola eu havia pedido. A professora chorou e chamou meus pais. Que bronca levei.
Graças a Deus, aprendi a beber corretamente, sem vício e o primeiro gole mesmo foi aos 18 anos.

Em 1993, eu comecei a colecionar latinhas de cervejas. Começa a beber as cevas e guardar as latas. Juntei bastante, mas a Mama jogava sempre fora, achando que era lixo. Eram latas de várias partes do país e tinha também importadas. Daquela coleção antiga, apenas me sobrou uma.

Das festas da Oktoberfest de Blumenau, do Maifest de São Paulo entre outras festas, sempre o líquido dourado presente nestes momentos tão legais da minha vida, mas tudo com moderação!

Foi a partir de 2011 que pude finalmente realizar um desejo que já estava guardado há anos: Fazer Cerveja!    Em 2012 que comecei a fazer brassagens sozinho. Aqui quero compartilhar um pouco de minha experiência como cervejeiro caseiro, minhas levas e também quero aprender muito!

O nome Birra Ballare é em homenagem a minha nona Giulia que sempre cantava: " E vamo a ballar!" e gostava de um bom vinho e cerveja. Salute a tutti!

Esta é uma mostra da minha segunda leva, uma Blond Ale. Quase 8 horas de trabalho e quase 1 mês para fermentação/maturação, este chopp ficou com boa drinkability, leve e refrescante.